Capítulo 06 – Canto da Sereia

Em frente a porta do quarto que Leon aguardava Aurora, havia dois seguranças, e assim que ela parou perto da porta, Ranya lançou um olhar de maldade antes de se retirar silenciosamente.

Um segurança abriu a porta, entrou e anunciou: “Senhorita Klein chegou, senhor Leon.”

Leon permaneceu em silêncio, e gesticulou a mão como um sinal de que ela tinha podia entrar.


Ele estava acomodado em uma poltrona perto da enorme lareira acesa que tinha naquele quarto luxuoso. Leon olhava a janela francesa, e fitava o céu do outono, enquanto degustava um charuto cubano caro lentamente.

Era uma noite fria lá fora, e aquele era o melhor quarto do clube, o único que fornecia a enorme lareira, e o seu fogo alto iluminava todo ambiente, e criava sombras de todos os móveis e objetos espalhados. Entre eles, viu a sombra em movimento da mulher que aguardava.

Ele sentia o suave frescor daquele cheiro doce feminino se aproximando, se misturando com a fumaça que expelia.

Aurora deu passos curtos até o centro do quarto, e assim que o segurança fechou a porta, ela conseguia ouvir o som da brasa do fogo, e do charuto queimando na boca de Leon.

Ela sentia que ele estava a encarando, e mesmo assim, ela mantinha a cabeça baixa. Os seus dedos estavam inquietos, estava indecisa se tomava atitude ou não de pronunciar alguma palavra.

Ela levantou o olhar, mas desviou da direção de Leon. Decidiu encarar no fogo, e por fim, tomou coragem para quebrar aquele silêncio intrigante:

“Boa noite, senhor Leon Ferri.” Ela disse baixo. Queria manter a formalidade pois não desejava ter nenhuma intimidade com esse homem.

Ele apagou o seu charuto no cinzeiro na mesa de canto que tinha ao lado da poltrona, e foi dando passos largos em sua direção.

Aurora olhou para a sombra daquele homem refletida pelo fogo, notou o quanto ele era alto, parecia ter mais de 1.90m, ela também percebeu que seus ombros tinha uma larga estatura, e eram desenhados pelos seus músculos fortes. Ela estremeceu quando viu que ele estava ficando muito próximo do seu corpo, e parou atrás dela.

Ele passou o seu dedo indicador suavemente no seu cabelo, e colocou um pouco para o seu ombro esquerdo. Ela conseguia sentir a sua respiração quente perto do seu pescoço, ele estava 5 cm da sua pele.

Aurora mal conseguia respirar, só enxergava a enorme sombra atrás do seu corpo, e estava toda arrepiada. Ela se sentia uma presa.

Logo, ficou incomodada, e deu inconscientemente um passo para frente para se afastar.

Ele impediu ela segurando a sua cintura fina com firmeza.

“Por favor, senhor Leon, podemos manter um mínimo de distância?” Aurora sussurrou com tremor na voz.

“O que você veio fazer aqui, Aurora?” Leon ignorou o seu pedido, e questionou com a sua voz naturalmente grave, profunda e magnética.

Aurora encarava a sombra deles no chão, se perguntando se havia um duplo sentido nessa pergunta.

“O senhor me chamou aqui, não é?” Aurora retrucou aumentando o seu tom de voz, e tentando entender qual era a verdadeira intenção dele essa noite.

‘Essa menina realmente não mede as palavras quando se encontra em alguma provocação.’ Leon pensou enquanto analisava o seu comportamento se revelando.

Ele soltou as mãos da sua cintura, e começou a passar a ponta do seu indicador pela lateral das suas coxas do joelho para cima lentamente.

Ele percebeu o corpo de Aurora estremecer, se aproximou mais perto da sua nuca e sussurrou:

“Pode parar de fazer essas cenas de impoluta, eu sei muito bem o que se passa por de trás das cortinas.” Ele achava que Hanzel tinha pedido para a filha demostrar ser recatada até o contrato ser assinado.

Aurora sabia que evitar uma aproximação dele poderia lhe causar mais problemas por isso não se moveu mais, tentava apenas controlar as reações do corpo diante dos seus toques.

“Desculpa se o senhor interpretou mal, mas eu não estou fazendo nenhuma encenação.” Aurora mexeu o pescoço com intenção de fazer ele se desviar da sua nuca.

Leon tinha certeza de que se fazer de desentendida fazia parte do fingimento.

Ele ignorou o que ela disse. Continuou na mesma posição, e abriu o palmo para passar nas suas coxas, ele sentia a maciez da sua pele junto com aqueles acessórios e a renda da sua lingerie.

Não pode evitar de sentir atraído por aquele corpo pequeno, curvilíneo, esbelto, pela sua pele branca, o seu rosto rosado que tinha pouca maquiagem que realçava os seus olhos grandes com uma cor-de-mel, seus lábios médios e levemente volumosos.

Mas, ele não ia se render a esse encanto. Conhecia bem o que acontecia em caía no ‘canto da sereia’, e definitivamente, não podia dar confiança para filha de Hanzel.

Pensando nisso, ele cerrou os olhos, e sentiu algo estranho na sua meia. Ele apalpou, e percebeu um objeto pontudo.

Quando Aurora sentiu ele arrancar o objeto preso em sua meia, se assustou, e não pode evitar de soltar suspiro pesado. Ela deveria se sentir culpada por querer se precaver caso alguma coisa fosse forçada àquela noite?

‘Eu já devia imaginar que ela planejava algo, mas não pensava que ia arriscar logo essa noite.’ Leon com o estilete na sua mão deu um sorriso de escárnio.

Ele enfiou a sua mão grande no cabelo da sua nuca, e segurou forte, enquanto a sua outra mão passava a ponta do estilete suavemente sobre a curva da cintura de Aurora.

“Com quantos?” Questionou ele com um tom mais dominante e agressivo. Ele queria arrancar a sua máscara, e saber com quantos ela já tinha feito esse tipo de programa.

“O quê?!” Aurora estava muito assustada com a situação, e agora ela já não tinha nada com o que ela pudesse se defender.

‘Essa garota quer testar a minha paciência?’ Leon rosnou em seus pensamentos.

“Não me faça perder tempo repetindo as mesmas palavras.” Agora ele passava a ponta do estilete suavemente em sua clavícula subindo para o seu pescoço, dessa vez, ele pressionava levemente na sua pele para ela sentir o perigo que havia criado por ter levado o estilete na sua presença, e apertou mais a outra mão que estava no seu couro cabeludo.

O objeto ficava a mercê da sua respiração rápida e tensa. Ela sentia a sua vida nas mãos de Leon.

“Por favor, senhor Leon, não faça nada comigo. Não era minha intenção te ofender. Vou me comportar!” Suplicou Aurora. Ela apertou os punhos, o seu corpo estava rígido e tenso sendo controlado por àquele homem.

“É claro que você vai se comportar! Amanhã já será a minha esposa, e terá uma dívida de 100 milhões de dólares. E já vou te avisando: as consequências caso você não se comporte pode ter certeza que são inimagináveis, eu fui claro, Aurora?” Ele sussurrou as últimas palavras em seu ouvido com a voz rouca e firme, apertando um pouco mais a sua mão na sua nuca, e soltando suavemente o estilete pressionado na pele do seu pescoço.

“Sim, senhor Leon.” Ela concordou imediatamente após sentir o aperto em sua nuca.

Leon colocou o estilete em seu bolso, e afrouxou o aperto na nuca de Aurora. De repente, ouviu um aparelho que vibrava sem parar na mesa da cabeceira da cama, assim que começou a ficar incomodado, caminhou em direção do celular de Aurora.

Ela tinha até esquecido que tinha trago o celular dentro das suas mãos fechadas, porque achou melhor Ranya não perceber, e antes de caminhar até o centro da sala, ela colocou o aparelho perto da cama.

Ela pensava que poderia fazer alguma ligação de urgência ou que receberia notícias de Dafne uma hora ou outra.

No entanto, quando percebeu o homem a soltar o seu corpo, e ir em direção do celular, olhou na mesma direção em que os olhos dele se encontrava.

Leon pegou o aparelho, e viu o nome de um homem na tela de bloqueio, estava escrito ‘Nate’ e um emoji fofo.

“Por acaso você não teve a decência de desligar o celular pra não interromper o nosso encontro com outros clientes?” A voz ríspida de Leon ecoou por todo quarto.

Vendo aquela reação, Aurora ficou espantada, não sabia nem se pedia desculpas, ou dava alguma satisfação. Não sabia se ele acreditaria nela. Antes mesmo que abrisse a boca, Leon ordenou:

“Venha aqui!” Tinha fúria em seus olhos, e Aurora não ousava em olhar para eles.

Aurora caminhou apreensiva em sua direção.

Quando ela estava perto dele, ele deu mais uma ordem: “Tire seu vestido.”

“Senhor Leon, por favor…podemos só conversar sobre esse contrato de casamento?” Aurora hesitou imediatamente com o pedido.

Mas, Leon não queria mais ouvir a sua voz, pois já estava muito irritado.

“Acho que eu não fui claro quando eu disse que não queria perder meu tempo repetindo a mesma coisa.” Ele agarrou sua cintura puxando ela para ficar na sua frente, e rapidamente tirou o estilete do bolso, e retalhou no meio em segundos o seu vestido com habilidade.

Foi tudo tão rápido que Aurora só percebeu o que tinha acontecido quando estava só com a lingerie. Inconscientemente, percebeu o perigo daquele homem, e abraçou a si mesma tentando se proteger.

Leon estava cada vez mais enfurecido com aquele fingimento, então tinha que dar ela uma lição para que ela não agisse como se ele fosse um tolo. Ela tinha que estar ciente que nunca passaria ele para trás. Ele nunca seria manipulado por ninguém da família Klein.

“Fica de quatro.” Mesmo não olhando para Leon, Aurora sentia que ele lhe lançava um olhar perigoso.