Capítulo 17 – As condições

“Haverá mais alguém conosco?” Aurora disse quando voltou com o vinho, e duas taças assim como Leon havia pedido.

“No momento certo, você saberá.” Ele respondeu.

Ela colocou as taças em cima da mesa, abriu a garrafa, e serviu ele. Só depois disso, sentou novamente.

“Senhor Leon, podemos começar de novo?” Ela resolveu fazer a mesma pergunta para poder iniciar sem mais nenhuma perturbação.

“Confesso que estou curioso para saber como você pretende negociar uma dívida de 100 milhões de dólares. Faz menos de uma semana que a sua avó faleceu, e só nesse período, já conseguiu fazer tanto dinheiro trabalhando no clube?” Leon lhe lançou um olhar pretensioso esperando uma resposta, e tomou um gole de vinho.

‘Como ele sabe sobre a morte da minha vó?’ Aurora pensava tentando não demonstrar na sua expressão de dúvidas.

Ela precisava ser firme com o que queria para conseguir impor seus limites ao homem na sua frente.

“Já te disse que tudo não passou de um mal-entendido. Primeiramente, ontem foi o meu primeiro dia naquele tipo de ambiente, meu pai me obrigou a sair de casa, colocou seus guardas na porta da minha casa, e me arrastou para aquele maldito clube contra a minha vontade!” Aurora se exaltava enquanto contava tudo que tinha acontecido nas últimas horas.

“Foi essa história que você e o seu pai conseguiram inventar antes do tempo do casamento?” Leon bufou, e colocou as duas mãos sobre a mesa.

“Senhor Leon, não há motivos para que você não confie no que estou dizendo.” Aurora rebateu, afirmando.

Precisava de alguma forma convencer Leon de que não tinha o mesmo caráter de seu pai.

“Tem certeza que não tenho motivos? Será que pode ser um dos motivos que você levou aquele estilete para o quarto na nossa primeira noite? Você já fez isso com muitos clientes, ou só pretendia comigo? E por que o seu pai estava tentando leiloar o valor do acordo no evento do senhor Foster? Vocês dois queriam tentar arrancar mais dinheiro dos convidados de elite que estavam ali? Será que você pediu isso para ele por que tinha tanta vontade assim de ficar naquele clube? Estava se divertindo muito? E, não menos importante, por que alguma coisa me diz que John Foster está no hospital por sua causa?” Leon fez todos esses questionamentos a olhando com desdém.

‘Por que diabos John Foster está no hospital por minha causa?’ Ela pensava, espantada como ele tinha interpretado todos os ocorridos.

Aurora ficou sem palavras por um minuto. Não sabia por onde começar após ouvir tantas perguntas.

Esse homem estava realmente destinado a não acreditar em uma palavra que ela dissesse.

Visto que Aurora não o respondia, Leon resolveu dar seguimento ao que se tratava o acordo de casamento.

Ele tinha condições para ditar, e esperava que ela seguisse, entretanto, se recusasse, iria ter que lidar com as consequências.

“Hum…imaginei que você não tinha nada a dizer ou oferecer, já que é assim, vamos começar a falar sobre as condições do casamento-“ Ele começou a mudar de rumo a conversa.

“Posso lhe explicar tudo isso.” Aurora disse interrompendo-o. Não podia deixar que ele terminasse aquele assunto acreditando que tinha razão sobre aquilo que deduzia.

“Você realmente acha que, dadas essas situações, deve continuar se explicando, Aurora? Não acha que todas essas circunstâncias já não são o suficiente para eu não acreditar em nenhuma palavra do que pretende dizer?” Leon se serviu mais vinho, e depois olhou ela nos olhos.

Aqueles olhos a fazia se sentir mais perdida, diante disso, ela desviou o olhar.

“Senhor Leon, já que me acha tão deplorável, por qual razão propôs ao meu pai pra se casar comigo?” Aurora retrucou, ela decidiu que mesmo que ele não acreditasse nela, não ia ceder as vaidades de Leon tão facilmente.

“Ah, finalmente chegamos a uma boa pergunta!” Ele exclamou, e pausou a fala para virar o líquido que restava na taça.

“O legado do seu pai não vai durar muito mais tempo, Aurora. E quero garantir que você não vai levá-lo adiante.” Leon endureceu o seu tom, e a olhou firmemente.

“Se for isso, não precisa se aflija, eu não pretendo dar continuidade a nada do que o meu pai faz, ou do que ele é.” Aurora revirou os olhos, só de pensar que estava ali por causa do seu pai, lhe dava uma repulsa.

“Não é isso que as suas atitudes me indicam, por esse motivo, prefiro me certificar de que você ficará bem comportada, e te manter por perto.” Leon dizia com a mesma firmeza.

Tinha diversas sabedorias que ele carregava consigo, pois a vida tinha o forçado a ser destemido, forte, e implacável pelas suas experiências devastadoras. E uma das frases que ele carregava consigo mesmo, e aplicava na sua vida pessoal, e nos negócios era: ‘Mantenha seus amigos por perto e os seus inimigos mais perto ainda’.

“Em razão disso, tem algumas regras que vamos estabelecer nas condições do nosso casamento enquanto ele existir.” Leon continuou dizendo calmamente.

“Mantenha os nossos quartos separados, por favor!” Aurora disse rapidamente, atropelando as próximas palavras do marido.

“Não se preocupe, não é do meu feitio dormir com prostituta.” Leon disse friamente. E Aurora imediatamente fechou a cara, contendo a sua raiva por passar por essa humilhação.

Leon ignorou essa reação, e colocou mais vinho na sua taça.

“Sem mais delongas, preste atenção nas condições seguintes:

1. As minhas decisões não devem ser questionadas;

2. Você deve ser obediente, e ser submissa a todas as minhas ordens;

3. Minhas necessidades, vontades, e desejos devem ser sempre a sua prioridade, não importa o que aconteça;

4. Nunca me interrompa, nunca se atrase, nunca me contradiga, nunca se oponha as minhas decisões, não tome nenhuma atitude impulsiva ou alguma providência sem me consultar, principalmente, em público;

5. Não venha até a mim sem que eu chame a sua presença;

6. Cuide da sua aparência, se eu marcar para me acompanhar em algo, não use nada provocativo, e não mude nada sem minha permissão;

7. Não tente me enganar, não minta, e não me omita nada quando eu te perguntar algo. Acredite, será pior se eu descobrir, e eu sempre acabo descobrindo;

8. Se precisar sair, terá que me pedir antecipadamente. Sempre terá um guarda escoltando os seus passos.

9. Você terá uma rotina de trabalho aqui, não pense que irá viver como uma preguiçosa, e deverá cumpri-la com êxito;

E por último: não ouse flertar, se encontrar com algum cliente, e me trair.”

Leon disse todas as palavras em alto tom, e sem pressa, para que ela guardasse tudo na sua memória.

Na verdade, ele não confiava que ela ia seguir nem sequer uma daquelas condições. E, propositalmente, umas eram somente para dificultar a vida de Aurora, já que ela tinha preferido viver pela ganância como o seu pai.

Mas, ele pensou que comparado ao que ela estava vivendo no clube, ainda estava sendo maleável. Ele queria ver até quando ela ia conseguir manter esse teatro, e ser permanecer contida.

Depois de ouvir tudo aquelas regras atentamente, Aurora engoliu seco.

Como ela poderia hesitar se Leon não lhe dava um voto de confiança?

‘Que ridículo! Doar-se por um homem que a detestava? Cumprir todas as suas necessidades, vontades e desejos? Ser submissa? Ser obediente sem poder questionar nada? Ele realmente acha que eu sou um produto.’ Ela apertou os punhos debaixo da mesa controlando aquele impulso pela sua emoção.

“Eu fui claro, Aurora?” Leon perguntou, intensificando o seu olhar em cima dela.

“Sim, senhor Leon, mas já que vai ser assim, tenho algo acrescentar: nunca devemos dormir juntos!” Mesmo com o coração palpitando forte com olhar de Leon, ela não iria se perdoar se saísse dali com essa certeza de que ele não tentaria nada íntimo.

“Eu poderia até considerar, mas depois do que aconteceu hoje de manhã, acha que está em posição de me pedir algo? Você tem ideia do perigo que seria caso realmente acontecesse se você me abandonasse no casamento?” Leon disse quase a ponto de perder a tolerância que havia mantido.

Dava para sentir a fúria se exaltando no seu marido, e tudo que Aurora menos queria era lidar com ele nesse estado. Então, percebeu que era melhor ter pedido de outra forma.

“Por favor, senhor, apenas considere essa minha condição.” Por mais que estivesse tremendo por dentro, ela insistiu.

“Aurora, acho que você não entendeu…” Ele se inclinou mais próximo na sua direção, abriu a sua mão no seu pescoço, segurou firme, e forçou ela olhar em seus olhos.

“Você é a minha esposa, então se por acaso eu querer isso, apenas estarei reivindicando os meus direitos como marido, não é assim que funciona? Ou será que o que te agrada é somente sexo proibido, casual, ou sem compromisso? Você prefere ser amante?” Leon falava baixo com uma voz intimidadora perto do seu rosto.

“O que você está dizendo? Eu não prefiro nada! Não é isso que eu estou pedindo!” Aurora rosnou, se sentindo ofendida.

Inesperadamente, Leon tirou retratos do seu terno, e os atacou na mesa. Todos se espalharam, e Aurora se espantou quando viu nitidamente Nate com Patrícia em uma paisagem que parecia uma casa no campo.

“O que são essas fotos? O que você fez com Nate?” Aurora perguntou desesperadamente.